Departamento de Estado dos EUA 
Escritório do Porta-Voz 
Declarações 
13 de março de 2024 
Sala de imprensa — Washington, DC 

SECRETÁRIO BLINKEN: Pois bem, boa tarde a todos. Na semana passada, em seu discurso do Estado da União, o presidente ordenou a militares dos Estados Unidos que construíssem um porto temporário em Gaza a fim de nos permitir ajudar a aumentar a assistência humanitária àqueles que dela necessitam desesperadamente. Há pouco tempo, tive uma videoconferência com colegas de Chipre, Reino Unido, EAU, Qatar, União Europeia e Nações Unidas visando coordenar nossos esforços a fim de colocar esse corredor marítimo em funcionamento. É claro que também estamos trabalhando com Israel nisso.  

Quando implementado, esse corredor permitirá a distribuição de até 2 milhões de refeições todos os dias, além de medicamentos, água e outros suprimentos humanitários essenciais. Alemanha, Grécia, Itália, Países Baixos e Canadá também apoiam esse esforço.   

Bem, isso é algo que levará algum tempo para ser realmente implementado, embora estejamos trabalhando nisso da forma mais rápida possível. E quero enfatizar: é um complemento — e não um substituto — de outras formas de levar assistência humanitária a Gaza. E, em particular, as rotas terrestres continuam sendo a forma mais essencial de levar assistência às pessoas que dela necessitam. Mas isso ajudará a preencher a lacuna e faz parte de nossa estratégia acima mencionada com o intuito de garantir que estamos fazendo tudo o que é possível, por todos os meios possíveis, para aumentar o apoio aos necessitados — por via terrestre, marítima ou aérea.  

Como sabem, os Estados Unidos têm liderado esforços desde o início visando tentar garantir que a assistência chegue aos necessitados. Tivemos altos e baixos significativos, períodos de interrupção e rupturas. E tendo dito isso, também estamos vendo neste momento a assistência humanitária regressar aos níveis que tínhamos há algumas semanas através de Rafah e de Kerem Shalom — cerca de 200 caminhões por dia.  

Ontem, pela primeira vez, o Programa Mundial de Alimentação conseguiu retomar a entrega de ajuda a Gaza. Marrocos fez sua primeira entrega de assistência humanitária através do Kerem Shalom. Esta semana começaram os primeiros envios para o norte de Gaza através de uma nova passagem no portão 96. Temos farinha que foi transportada saindo do Porto Ashdod. Estamos trabalhando para garantir que as inspeções sejam aceleradas e que as reparações nas estradas avancem, a fim de que possamos também aumentar o fluxo que vai da Jordânia para Gaza. Essa é uma rota crucial para suprimentos.   

Então, há movimento, e nós — e é positivo, mas continua insuficiente. Israel ainda precisa abrir o maior número possível de pontos de acesso e mantê-los abertos para garantir que tudo esteja fluindo de forma sustentável: aumentar a capacidade de digitalização, a capacidade de inspeção, especialmente em Kerem Shalom, onde mais pode ser feito para obter ajuda mais rapidamente; aliviar restrições desnecessárias sobre produtos essenciais; ter maior clareza e previsibilidade sobre o que pode entrar e o que não pode. Há aqui uma questão legítima sobre produtos de dupla utilização, mas precisamos entender com muito mais clareza e muito mais consistência o que são eles.   

E, claro, como sempre dissemos, embora seja vital garantir que as coisas cheguem a Gaza, uma vez lá dentro, têm de chegar às pessoas que delas necessitam. E assim, a distribuição dentro de Gaza continua sendo uma função crucial. No local, melhorar a comunicação e melhorar a resolução de conflitos com agentes humanitários — particularmente com as Nações Unidas – com líderes comunitários locais continua sendo um trabalho importante e um trabalho que ainda está em curso.   

A conclusão é que precisamos ver — tal como descrevemos, precisamos ver uma inundação quando se trata de assistência humanitária a Gaza. Isso terá uma série de méritos, creio eu, importantes. Em primeiro lugar, levará conforto às pessoas que tão desesperadamente necessitam dessa assistência. Mas, para além disso, um dos desafios que temos agora e que estamos vendo agora é que a ilegalidade, a insegurança — tudo isso permeia Gaza, combinado com o desespero. Quando juntamos tudo isso, temos situações em que a ajuda chega e depois as pessoas atacam imediatamente caminhões, e vemos pilhagens, vemos gangues criminosas entrarem em ação, e novamente, apenas civis comuns que — e na ausência de ajuda suficiente — podem acreditar que sua única oportunidade de conseguir um pedaço de pão é ir até o único caminhão que veem chegando.    

Quando se tem uma assistência sustentável, previsível e confiável em andamento, capaz de dar às pessoas a confiança de que os alimentos estão lá e continuarão chegando, elas conseguem confiar nisso. Isso também diminuirá a insegurança geral e a sensação de ilegalidade — os preços dos bens que estão sendo saqueados e depois vendidos no mercado negro cairão, e isso enfraquecerá as gangues que estão envolvidas nessa prática.  

Tendo dito tudo isso, mesmo enquanto trabalhamos para aumentar a assistência humanitária por todos os meios necessários, a forma mais eficaz de realmente conseguir isso é através de um cessar-fogo e de um ambiente muito mais propício à concretização da ajuda. Há uma proposta muito forte sobre a mesa neste momento. A questão é: será que o Hamas aceitará? O Hamas quer acabar com o sofrimento que provoca? A questão está aí, mas posso dizer a vocês que estamos intensamente envolvidos todos os dias, quase todas as horas, com o Qatar e com o Egito para ver se conseguimos um acordo de cessar-fogo que libere os reféns, consiga mais ajuda e crie um caminho talvez para uma solução mais duradoura e segura.    

Os reféns permanecem na frente e no centro de nossas mentes e corações. Acabamos de saber que um dos cidadãos com dupla nacionalidade de EUA e Israel, que acreditávamos ter sido raptado no dia 7 de outubro — Itay Chen — foi de fato morto em 7 de outubro. Eu me reuni com sua família várias vezes nos últimos meses. Falei com eles ontem — com Ruby, com Hagit. Não tenho palavras. Ninguém deveria passar pelo que eles passaram e pelo que as outras famílias de reféns estão passando. É outra razão pela qual a obtenção do cessar-fogo seria tão crucial para nos permitir levar os reféns para casa. O presidente deixou claro que garantir o fornecimento de assistência humanitária, fazer todo o possível para proteger os civis, tem de ser uma prioridade. Não pode ser uma consideração secundária.  

Portanto, para esse fim, eu simplesmente diria que onde há vontade, há um caminho. Contamos com o governo de Israel para garantir que esta seja uma prioridade: proteger civis, proporcionar às pessoas a assistência de que necessitam. Essa tem de ser a tarefa número um, mesmo quando fazem o que é necessário para defender o país e lidar com a ameaça representada pelo Hamas.  

Fico feliz em responder algumas perguntas de vocês. 


Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/secretary-blinkens-remarks-to-the-press-4/  

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.

U.S. Department of State

The Lessons of 1989: Freedom and Our Future