PRONUNCIAMENTO 

Secretário Antony J. Blinken
Teatro do Centro de Mídias Pollio
Capri, Itália
19 de abril de 2024

SECRETÁRIO BLINKEN: Bem, boa tarde a todos. É um grande prazer estar aqui em Capri, na Itália. E quero começar agradecendo a nossos anfitriões — a primeira-ministra [Georgia] Meloni, meu amigo e colega, o ministro das Relações Exteriores Tajani — não apenas por sua maravilhosa hospitalidade, mas também por sua notável liderança. 

O G7 é, em muitos aspectos, uma comissão de coordenação para as democracias mais avançadas do mundo. E saímos desta reunião de ministros das Relações Exteriores mais unidos do que nunca — mais unidos a fim de enfrentar importantes desafios que se apresentam à comunidade internacional, incluindo a agressão russa contra a Ucrânia, o conflito no Oriente Médio e também a importância de manter e apoiar um Indo-Pacífico livre e aberto. Esses e muitos outros assuntos foram o foco de nossas conversas nos últimos dois dias, que considerei extremamente produtivas. E, mais uma vez, o que mais me impressiona — vocês podem realmente constatar isso ao longo dos últimos três anos — é a extraordinária convergência em nossas abordagens a esses desafios, convergência entre os Estados Unidos, a Europa e principais parceiros da Ásia. 

Vou abordar alguns dos pontos mais importantes que discutimos e concluímos nos últimos dias e, é claro, vou elogiar a declaração que divulgamos ou que será divulgada em breve por todo o G7. Primeiro, o G7 condenou o ataque iraniano sem precedentes contra Israel, sem precedentes em escopo e escala — em escopo, porque foi um ataque direto do Irã contra Israel; em escala, porque envolveu mais de 300 munições, incluindo mísseis balísticos. Estamos comprometidos com a segurança de Israel. Também estamos comprometidos com a redução do agravamento, com a tentativa de encerrar essa tensão. 

Vocês também viram, ou verão em breve, na declaração do G7, um compromisso de responsabilizar o Irã — por suas atividades desestabilizadoras, responsabilizando-o por meio da degradação de suas capacidades de mísseis e drones. E ontem os Estados Unidos anunciaram sanções adicionais ao Irã, tendo como alvo programas de veículos aéreos não tripulados, a indústria siderúrgica, as empresas associadas à Guarda Revolucionária Islâmica, ao Ministério da Defesa e à logística das Forças Armadas. A declaração do G7 deixa claro que os países do G7 adotarão sanções adicionais ou outras medidas nos próximos dias. 

Mesmo enquanto lidamos com o conflito no Oriente Médio e, mais uma vez, com o ataque sem precedentes do Irã a Israel, temos mantido nosso foco intenso em Gaza. Pedimos a rápida implementação dos compromissos de assistência humanitária de Israel — mais ajuda, mais travessias, melhor desconflito, melhor distribuição da assistência a todos que precisam dela. Temos visto medidas importantes tomadas nas últimas semanas, com a abertura de mais travessias, mais ajuda chegando e mais ajuda sendo distribuída. Porém, precisamos ver resultados sustentáveis. E precisamos, em especial, garantir que haja distribuição em toda a Faixa de Gaza. 

Também nos concentramos no imperativo de alcançar um cessar-fogo com a libertação dos reféns. Esse cessar-fogo facilitaria a expansão drástica da assistência humanitária. Também permitiria que habitantes de Gaza voltassem para o norte, aqueles que foram deslocados do norte. A única coisa — a única coisa — que se interpõe entre o povo de Gaza e um cessar-fogo é o Hamas. [O grupo] rejeitou as propostas generosas de Israel. E parece mais interessado em um conflito regional do que em um cessar-fogo que melhoraria imediatamente a vida do povo palestino. O mundo precisa saber e precisa entender, mais uma vez, que a única coisa que se interpõe entre um cessar-fogo e o povo de Gaza é o Hamas. 

O G7 também é muito claro em seu apoio inabalável à Ucrânia, que enfrenta a agressão da Rússia. Putin crê que pode ser mais esperto que a Ucrânia e mais esperto que os apoiadores da Ucrânia. A mensagem que vem de Capri é: ele não pode. Todos os membros do G7 estão fazendo contribuições extraordinárias para a defesa da Ucrânia. E, como eu disse antes, essa é a melhor partilha de encargos que já vi em todo o Atlântico em mais de 30 anos de envolvimento com essas questões, com a Europa e parceiros asiáticos assumindo mais do que sua parte do ônus. 

Quero reconhecer especialmente a primeira-ministra Meloni por sua liderança, sua liderança decisiva. Podemos constatar duas coisas neste momento. Juntos, estamos ajudando a colocar a Ucrânia em um caminho de longo prazo, no qual ela se manterá firme militar, econômica e democraticamente. Mais de 30 países estão empenhados em negociar — e alguns já concluíram as negociações — com a Ucrânia sobre pactos de segurança. E, juntamente com o que estou convencido de que sairá da cúpula da Otan, é possível ver a Ucrânia construindo efetivamente uma força para o futuro, uma força que possa deter a agressão e derrotá-la quando necessário. 

Estamos trabalhando com o objetivo de impulsionar o investimento do setor privado na Ucrânia e também de ajudá-la a desenvolver sua própria base industrial de defesa de forma a proporcionar uma economia forte e duradoura. E, é claro, agora que o caminho para a adesão à UE está aberto, isso ajudará a Ucrânia a aprofundar sua democracia. Mas mesmo enquanto fazemos tudo isso, ouvimos claramente do ministro das Relações Exteriores Kuleba que é imperativo que, neste momento, a Ucrânia obtenha mais recursos necessários para que possa lidar com a contínua agressão russa. A Ucrânia precisa de mais defesas aéreas, de mais munição e de mais artilharia. 

Aliados e parceiros, incluindo os países do G7, estão empenhados em cumprir esse objetivo. Discutimos medidas para prestar maior assistência de forma mais imediata à Ucrânia. Também discutimos formas de proteger e ajudar a restaurar sua rede energética, que a Rússia tem procurado dizimar. E aqui, mais uma vez, creio que podemos ver os passos importantes que já foram dados, mas ainda há mais por vir a fim de garantir que a Ucrânia tenha energia sustentável para seu povo.

Também estamos trabalhando com o intuito de reforçar os esforços visando impedir a transferência de armas e também de insumos para a base industrial de defesa da Rússia. Quando se trata de armas, o que temos visto, obviamente, é que a Coreia do Norte e o Irã fornecem principalmente coisas à Rússia. Mas quando se trata da base industrial de defesa da Rússia, o principal colaborador neste momento para isso é a China. Vemos a China compartilhando máquinas operatrizes, semicondutores e outros artigos de dupla utilização que têm ajudado a Rússia a reconstruir a base industrial de defesa que as sanções e os controles de exportação tanto fizeram para degradar. Agora, se a China der a entender, por um lado, que quer ter boas relações com a Europa e outros países, não pode, por outro lado, estar alimentando aquela que é a maior ameaça à segurança europeia desde o fim da Guerra Fria. E vocês não precisam saber disso somente através de mim — foi isso que ouvi na mesa do G7.    

O progresso em soluções a fim de usar também os ativos soberanos da Rússia para a Ucrânia estava na agenda. E aqui, acredito que estamos trabalhando para chegar a um acordo que esteja em conformidade com o Direito Internacional, em conformidade com as leis de diferentes países. O Kremlin tem chamado isso de roubo. O verdadeiro roubo está nas vidas ceifadas de ucranianos, em muitas das infraestruturas destruídas da Ucrânia, em muitas de suas terras confiscadas. Ser capaz de utilizar esses ativos soberanos russos visando ajudar a reconstruir a Ucrânia é fundamental, e é também algo que — de uma forma ou de outra, um dia ou outro — vai acontecer. É também um complemento, mas não um substituto, para a assistência que todos precisamos oferecer neste momento à Ucrânia e, em particular, o pedido de orçamento suplementar que o presidente Biden fez e que parece que será apresentado à Câmara neste fim de semana. 

E, novamente, apenas quero enfatizar duas coisas. Em primeiro lugar, esse dinheiro e tudo o que ele vai proporcionar é urgentemente necessário para a Ucrânia, para seu povo que defende tão corajosamente seu país e sua democracia. Em segundo lugar, como disse, temos parceiros europeus e de outros lugares, incluindo da Ásia, que estão fazendo muito a fim de ajudar a manter a Ucrânia. E, finalmente, praticamente todo o montante suplementar será investido nos Estados Unidos na produção de defesa, em nossa própria base industrial de defesa, e isso significa bons empregos nos Estados Unidos.

Por último, nós nos concentramos intensamente nestes últimos dias em alcançar novos parceiros, e isso inclui o Indo-Pacífico, onde estamos trabalhando para promover um Indo-Pacífico livre e aberto. Neste ponto, penso que é muito instrutivo que o apoio que a Rússia tem recebido da China, da Coreia do Norte e do Irã demonstra que a segurança na Europa, a segurança na Ásia e em outras partes do mundo é indivisível. Ela está profundamente conectada. E isso é algo que ouvimos novamente ao redor da mesa nos últimos dias.

O G7 está unido em torno da necessidade de paz e estabilidade através do Estreito de Taiwan, do Mar do Sul da China, da Península Coreana, e também unido ao enfrentar as práticas injustas e não mercantis da China, especialmente quando se trata do excesso de capacidade que está inundando os mercados de nossos próprios países com novos produtos e tecnologias que são fortemente subsidiados e, portanto, subvalorizados, fazendo nossos próprios negócios saírem do mercado e procurando dominar eles mesmos esses mercados. Mais uma vez, essa é uma preocupação comum muito clara entre todos nossos países.

E, finalmente, a outra parte disso é que o G7 continua trabalhando para aprofundar o envolvimento com parceiros globais a fim de ajudar a obter resultados em todo o mundo. Tivemos ontem conosco o presidente da União Africana para conversas muito boas. E o que realmente pretendemos é trabalhar de forma prática com países da África e além com o objetivo de conseguir melhorias claras, tangíveis e exequíveis nas vidas de seu povo e, como resultado, nas vidas de nosso próprio povo.  

Temos a União Africana que agora é membro do G20. Estamos particularmente concentrados na forma como a África pode desempenhar seu legítimo papel na resposta aos desafios regionais e globais. Há uma colaboração crescente em infraestrutura e tecnologia visando melhorar a conectividade e construir resiliência. Reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e especialmente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — também com a reforma das instituições financeiras internacionais, dos bancos multilaterais de desenvolvimento para torná-los mais representativos e mais eficazes, e capazes de responder às necessidades de países em todo o mundo, abordando questões como mudanças climáticas, dívida e segurança alimentar.

Portanto, em todas essas áreas, considerei as conversas e o trabalho dos últimos dias — refletidos na declaração que vocês verão — extremamente produtivos e também, talvez o mais importante, uma configuração muito boa para os líderes que são — a reunião que nossos líderes terão, desculpe-me, em junho. É em direção a esse rumo que estamos indo. Continuaremos o trabalho que fizemos aqui nos próximos meses e os líderes farão o acompanhamento.

Com isso, terei prazer em responder algumas perguntas. 

Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/secretary-antony-j-blinken-at-a-solo-press-availability-2/ 

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial. 

U.S. Department of State

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